Mas mesmo nas trevas mais densas, a luz da Justiça Divina nunca se apagou completamente. Ela se manifestava nos sussurros daqueles que ousavam desafiar a tirania, nos gestos de compaixão dos que se recusavam a ceder ao ódio e à crueldade. Nos cantos dos trovadores e nas palavras dos poetas, a esperança ecoava como um eco eterno, proclamando a promessa de um dia em que a Justiça Divina prevaleceria sobre as sombras da injustiça.
Em terras distantes, outras civilizações clamavam justiça aos seus deuses. E sob os céus de bronze da África, Xangô, o poderoso orixá da Justiça, erguia-se como um leão entre os homens. Com seu machado de pedra e seu manto de raios, ele traçava os limites entre o certo e o errado, entre a luz e a escuridão. Sua voz ressoava como um trovão nos céus, chamando os corações dos homens para a balança da equidade, para a senda da verdade.
No altar da intolerância, a justiça divina é profanada em nome de Deus e a humanidade anseia por justiça e busca respostas em suas mais diversas crenças. Na espiritualidade, o baralho de tarot do destino revela a carta da Justiça como um farol. Ela segura a espada da verdade e a balança da equidade. Seu olhar é imparcial, sua decisão é firme. Ela não se curva aos preconceitos, mas pesa as almas com justiça. E quando a balança oscila, o cosmos se alinha e Júpiter, o gigante celestial, observa essa dança. Ele é o planeta da expansão e da Justiça. Ele sabe que a verdade não se esconde nas sombras, mas se revela na luz da compreensão.
Contudo, foi nos salões iluminados de Paris, onde as chamas da Revolução Francesa arderam como um fogo purificador, que a Justiça encontrou sua voz mais poderosa. Sob o lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, os ideais da justiça e da igualdade se ergueram como uma tempestade imparável, varrendo os vestígios da opressão e da tirania. A guilhotina se tornou o símbolo da justiça popular, cortando os laços que aprisionavam o povo e proclamando a supremacia da vontade popular sobre os caprichos dos déspotas. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 estabeleceu princípios fundamentais de justiça e direitos individuais, influenciando o desenvolvimento dos sistemas jurídicos modernos.
Avançando pela história da justiça saltamos da Revolução Francesa à promulgação da Constituição Federal Brasileira de 1988. No solo pátrio, ela ergueu os pilares de um Brasil mais justo e igualitário, reconhecendo a diversidade e a dignidade de todos os seus cidadãos independentemente de sua origem, gênero ou condição social. O sistema jurídico brasileiro é baseado na separação dos poderes e na garantia da igualdade perante a lei.
E nesse contexto, a Igualdade de Gênero como um dos pilares da Constituição Federal é imprescindível para que todos os indivíduos, independentemente de seu sexo ou identidade de gênero, tenham os mesmos direitos, oportunidades e tratamento justo na sociedade. No brado das vozes femininas, a justiça é o eco, que ressoa o clamor por direitos iguais e respeito mútuo, na construção de um mundo mais justo e inclusivo. Promover a igualdade de gênero é essencial para que direitos e oportunidades estejam em equilíbrio na balança da justiça.
A educação de qualidade para todos também é um direito fundamental que deve ser garantido a todos os cidadãos, independentemente de sua origem, raça, gênero ou condição social. Uma educação inclusiva e equitativa é essencial para promover o desenvolvimento humano, social e econômico e para construir uma sociedade mais justa e igualitária. Entre os escombros da ignorância, a educação é a luz que guia os passos dos desfavorecidos, enquanto a justiça levanta suas muralhas para proteger o direito de cada criança a um futuro brilhante, onde o conhecimento é a chave que abre todas as portas.
Garantida através de diversos dispositivos constitucionais que estabelecem como um direito de todos os cidadãos e um dever do Estado, a saúde é um direito básico reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como parte integrante do direito à vida e à dignidade humana. É necessário garantir que todas as pessoas tenham a oportunidade de viver vidas saudáveis e produtivas, independentemente de sua origem, status socioeconômico ou qualquer outra condição. Entre os pilares da dignidade humana, a saúde é a fonte da vida, onde a justiça é a água que sacia a sede da igualdade, irrigando os campos férteis da inclusão e do bem-estar.
O direito ao trabalho é outro princípio fundamental que garante a todos os indivíduos o direito de buscar emprego e de serem tratados de forma justa e igualitária, incluindo condições de trabalho seguras e saudáveis, salário justo e proteção contra a discriminação e a exploração. No campo de batalha do mercado de trabalho, os sonhos dos desempregados ecoam como gritos de desespero, enquanto a justiça empunha sua bandeira em defesa do direito de cada pessoa a um trabalho digno e justo, onde o suor do rosto é recompensado com respeito e reconhecimento.
A (in)justiça social refere-se à disparidade de oportunidades, recursos e tratamento entre diferentes grupos sociais. Isso pode incluir questões como pobreza, desigualdade de renda, discriminação racial, de gênero ou de orientação sexual, e acesso desigual a serviços básicos como saúde, educação e moradia.
No entanto, a jornada rumo à justiça plena é permeada por desafios e obstáculos, como evidenciado pela necessidade de leis como a Maria da Penha para proteger as vítimas de violência doméstica e familiar e pela luta contínua por direitos humanos básicos em todo o mundo. Ela estabelece medidas de prevenção, proteção e punição para casos de violência contra a mulher, buscando garantir a integridade física, psicológica e moral das vítimas.
O respeito à liberdade religiosa é o princípio que garante a todos o direito de praticar sua religião ou crença, ou de não ter nenhuma, sem discriminação ou perseguição. Isso inclui o direito de professar, praticar e manifestar livremente sua religião, bem como o direito de mudar de religião ou crença.
O orgulho Gay é um movimento social que busca promover a aceitação, a igualdade e o respeito pelos direitos das pessoas LGBTQ+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer e outras identidades de gênero e sexualidade). Ele afirma que todas as formas de amor e identidade merecem ser reconhecidas e respeitadas pela sociedade. Na celebração da diversidade, a justiça é o arco-íris, que colore o caminho para a igualdade e o respeito, desafiando o ódio e a intolerância.
Nos ideais de justiça, a luta pela igualdade racial e pelo reconhecimento dos direitos das pessoas negras, que historicamente têm sido marginalizadas e discriminadas em muitas sociedades vai ganhando força. É necessário valorizar a importância da herança cultural e as contribuições dos povos africanos para a sociedade. Sob o peso da discriminação racial, os corações dos negros batem em descompasso com o ritmo da justiça, que precisa proteger o direito de cada pessoa negra à igualdade de oportunidades e tratamento justo, celebrando a beleza e a riqueza da diversidade étnica fonte de orgulho e enriquecimento.
Os nordestinos também merecem destaque nessa luta, pois nos sertões áridos do preconceito cruel também são vítimas de injustiças sociais. Esse povo merece reconhecimento e respeito por sua resiliência, bem como valorização das suas tradições, arte e história como contribuição para a identidade nacional.
Outra injustiça fortemente praticada é contra os povos originários. É importante respeitar e preservar os direitos e a cultura dos povos indígenas, que são os habitantes originais das terras onde vivem. É um direito deles e um dever de a sociedade reconhecer sua sabedoria ancestral e incluí-los nas decisões que afetam suas vidas e territórios. No coração das florestas ancestrais, os espíritos desses povos sussurram segredos de sabedoria e harmonia que devem ser preservados e valorizados pelas mãos da justiça.
Entre os pilares da equidade, a justiça é retratada como cega, mas suas ações revelam uma visão seletiva, onde os poderosos são perdoados enquanto os vulneráveis são punidos. Nos palácios do privilégio, as desigualdades florescem como jardins cuidadosamente cultivados para beneficiar os poderosos, enquanto os menos afortunados lutam para encontrar um lugar à mesa da igualdade. A justiça é cega, mas enxerga quando quer!
Entretanto, a luta pela justiça é uma jornada sem fim. A verdadeira paz não é apenas a ausência de conflito, mas sim a presença da justiça, um ideal transcendente que nos convida a transcender nossas diferenças e a abraçar a humanidade em toda a sua diversidade e beleza, na busca por um mundo onde todos possam viver livres e iguais.
E apesar das adversidades, há esperança. Dos escombros da guerra e da opressão surgem heróis e heroínas, cujas vozes ressoam como trovões na tempestade, clamando por uma justiça que não conhece fronteiras nem preconceitos.
Líderes como Nelson Mandela, Martin Luther King, entre outros, bem como a Organização das Nações Unidas (ONU) erguem a bandeira da paz e da justiça, lembrando-nos de que a verdadeira paz só pode ser alcançada na presença da justiça.
A sociedade também deposita sua esperança na justiça dos homens. Os juízes, como guardiões imparciais da lei, representam a última linha de defesa contra a tirania e a opressão. Com suas togas imponentes, personificam a integridade, a imparcialidade e a sabedoria, garantindo que a balança da justiça penda sempre para o lado da equidade e da verdade. Assim, eles desempenham um papel fundamental na administração da justiça, interpretando e aplicando as leis de forma imparcial e equitativa.
A Acadêmicos do Tatuapé acredita que a justiça ideal é como a luz que brilha nos recantos mais escuros da humanidade, iluminando os caminhos da igualdade e da compaixão. É o eco das vozes silenciadas pela pressão, clamando por redenção e esperança. É a promessa de um amanhã onde as lágrimas da injustiça serão transformadas em sorrisos de dignidade e respeito. É a busca incessante por um mundo onde cada ser humano seja valorizado não pelo que tem, mas pelo que é. E, acima de tudo, é a convicção de que, mesmo diante das sombras mais densas, a luz da justiça sempre encontrará um caminho para brilhar.
“A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar.”
(Martin Luther King Jr.)